União do Parque Acari Apresenta Sinopse do Enredo para o Carnaval 2025

União do Parque Acari Apresenta Sinopse do Enredo para o Carnaval 2025

5 de Julho, 2024 Não Por portaldosambarj

        A União do Parque Acari, escola da Série Ouro da Liga RJ, revelou recentemente o enredo para o desfile do Carnaval 2025. Com o título “Cordas de Prata – O Retrato Musical do Povo”, o projeto é assinado pelo carnavalesco Guilherme Estevão e pelos enredistas Sthefabye Paz e Caio Araújo.

        Será a segunda vez que a União do Parque Acari desfilará na Marquês de Sapucaí. A escola, conhecida pelas cores amarelo, rosa e branco, promete encantar o público no sábado, 1 de março, como a segunda escola de samba a se apresentar na noite.

        O enredo “Cordas de Prata – O Retrato Musical do Povo” tem como objetivo celebrar o Violão, apresentando sua relação e formação musical do povo brasileiro, destacando a diversidade cultural e influência dos diferentes ritmos e sons que compõem a identidade do nosso país.

Confira a Sinopse:

“CORDAS DE PRATA –

O retrato musical do povo”

 

Um dia viram um artesão colhendo raios de lua

Para fazer minhas cordas de prata,

Que vibravam e esticavam, amarrando o tempo.

Musicando o vento, encantando quem passava.

Dedilhava sobre madeira de pinho

E por esse caminho minha vida se formava.

Esse artista foi visto de maneiras diferentes,

Pelo olhar de tanta gente, várias histórias se contavam.

Ninguém sabe minha verdadeira origem

Pois em cada canto, por cada povo,

Construíram minhas rotas

Ganhando, assim, tantos nomes e formas

Sempre guiadas pelo valor de cada cultura,

Pelo som de minhas notas.

Talvez o artesão fosse um Deus,

Como me contaram, um dia, na Índia.

Como “veena” por Shiva fui tocada,

E aos poetas ensinava os acordes que do instrumento sairia

Formaram “sitares”, me levando a todos os lugares

Usando penas para vibrar suas melodias.

Dizem também que meus artífices eram Árabes,

Acompanhei Mouros viajantes em conquistas e cruzadas,

Com sua arte fui tatuada,

Por arabescos e filigranas em minha caixa

Sendo “oud” e, depois a latina “guitarra”.

Tantos braços e tantas cordas ganhei

Ao longo dessa jornada.

Chegaria, finalmente, na Europa onde ainda fui adornada.

Em feiras medievais, cantigas eu acompanhava

Sendo o tom dos alaúdes, o som da poesia cantada

No trobar dos trovadores, no teatro de padres e pastores,

Na interpretação dos atores, na serenata de tantos amores.

Como “viola” encantei as cortes

Mas no “novo mundo” minha vida seria transformada.

Cheguei em território tupiniquim como linguagem “erudita”,

Como ferramenta jesuíta para catequizar os donos dessa terra.

Nesse período de cruel dominação,

Bandeirantes exploravam esse chão, me levando em mãos,

Escravizando e dizimando como em guerra.

Mas ao poucos, esse tão sofrido povo me assumiria

Unindo a nossa alegria como símbolo dessa nação

Orientando cordéis e romarias; festas e cantorias

De repentistas do sertão

Acompanhando do fole, da sanfona e o cancioneiro

Me tornei um grande brasileiro,

O tão querido, de nome bonito: “violão”!

Por aqui me vi popular,

Passando a estar em todo lugar pelo apreço dessa gente.

Em ponteios caipiras, nas caravanas de ciganos,

Em sonetos gaúchos, em cortejos africanos,

O som de maxixes e modinhas,

O choro e a boemia dos malandros.

Me acusaram de vadio, vagando devagar,

Andando por bailes e ruas, por tantas mãos, de bar em bar,

Tocando uma canção qualquer, só por cantar

Escutando a alma dos músicos, que apertam ao seu peito

O bojo perfeito “compondo” a solidão e o prazer de amar

Desta maneira, virei a marca da cultura popular

E passei a ensinar, também, o povo a sambar.

Pelas mãos do sambista, lutei pela alcunha de artista

Contra preconceitos, integrando novos gêneros e conceitos.

Reafirmando a vocação de um país tropicalista,

Fiz uma bossa nova em sua musicalidade

E emoldurei para a eternidade tantos poetas e poetisas.

Declamei às rosas de Noel e Cartola;

Acompanhei o bandolim de Arlindo, o “Cavaquinho” e o “Viola”

Os prazeres de Heitor e o dedilhar de Yamandú e Toninho;

Estive nos braços de Nara e Powell mundo afora

O som da madeira de “Carvalho”, “Pinheiro” e Nogueira

Com meus “Tons” estive perto de Vinicius e João Gilberto

Fui “Luz” de Caymmi, de Caetano, Rita e Gil

Estive “Alceu” “grande encontro” com “novos baianos”

Sendo o maior companheiro de um Brasil!

Texto: Guilherme Estevão

Pesquisa: Guilherme Estevão, Sthefanye Paz e Caio Araújo.