Caprichosos de Pilares divulga sinopse oficial do Carnaval 2023

Caprichosos de Pilares divulga sinopse oficial do Carnaval 2023

18 de Outubro, 2022 Não Por portaldosambarj

GOSTO QUE ME ENROSCO, CAPRICHOSAMENTE VAMOS REVIVER

APRESENTAÇÃO

A Caprichosos de Pilares vem homenagear o GRES. Portela, uma das mais tradicionais Escolas de Samba do Rio de Janeiroe a maior campeã do Carnaval Carioca. Homenagem mais do que merecida não apenas pela importância da comemoração do seu centenário, mas principalmente por ser ela a nossa Madrinha!

Em 2023, certamente a Portela receberá muitas homenagens e também terá seu centenário abordado por outras agremiações. Mas a afilhada brincalhona e irreverente só poderia fazer uma homenagem diferente! Vamos recontar a História do Carnaval Carioca sob o olhar da Águia. Caprichosamente, vamos reviver as práticas carnavalescas anteriores que animaram o nosso povo até a fundação da Portela e a formação das Escolas de Samba.

Vista a sua melhor roupa para a festa de aniversário! A festança vai ser boa, com tudo do bom e do melhor. E pra completar, vai rolar um sambão nota 10 a noite inteira, com a reedição do samba-enredo histórico com o qual a Portela desfilou em 1995.

É carnaval

O Rio abre as portas pra folia

É tempo de sambar

Mostrar ao mundo a nossa alegria” *

Caprichosamente, damos os parabéns pra você, Dindinha Portela!!!!

Então abram alas e deixa a Caprichosos de Pilares passar…

* Versos do samba-enredo Gosto que me enrosco, composto por Noca da Portela, Colombo e Gelson para o desfile de 1995.

SINOPSE

E por falar em saudade, Madrinha querida…

Você bem sabe que meu lugar é ao seu lado. Ando distante, mas volto já! Enquanto isso, relembro momentos inesquecíveis que você e eu, sua afilhada mais irreverente, vivemos no palco iluminado onde você espera meu retorno.

Lembro que saudadeei o que sumiu no dia-a-dia, na fantasia de um eterno e caprichoso folião. Peguei o bonde, saudei os sambistas imortais de outrora e perguntei por onde andavam os antigos carnavais.

Alguns anos depois, emprestei a voz de Pilares pra você cantar aqueles velhos tempos que não voltam mais… Gostei que me enrosquei daquele desfile! Uma verdadeira aula de História do Carnaval Carioca, que hoje, Dindinha, caprichosamente vamos reviver!

Tua Águia altaneira ergueu o guizo com o bico para ver o samba navegar o oceano e desembarcar em terras cariocas, onde encontrou as brincadeiras de carnaval que também vieram de além-mar… O povo nas ruas brincava o entrudo:atiravam limões-de-cheiro e jogavam uns nos outros água, farinha, e outras coisinhas mais…

Depois, os mascarados ocuparam os teatros da cidade. Aprendi com você, dinda, que nesses bailes de máscaras as mulheres tiveram pela primeira vez a oportunidade de brincar o carnaval sem deixar de serem consideradas moças de família! Começaram também as batalhas de flores e de confetes, antes mesmo daquele “portuga”, o Zé Pereira, começar a tocar seu bumbo pelas ruas.

Os intelectuais se reuniam nas Grandes Sociedade, espetáculo maior do carnaval carioca até meados do Século XX. Sumidades Carnavalescas, Tenentes do Diabo, Fenianos, Democráticos, Pierrots da Caverna e outras mais… Instituições carnavalescas que também atuaram em favor da Abolição da Escravatura, angariando fundos para comprar e alforriar escravizados.

Após a abolição, vieram as tias baianas, e com elas diversos rituais religiosos e festivos, que foram incorporados pela folia momesca. Cucumbis, maracatus e congadas; surgem os ranchos, que “fizeram escola” ao desfilar esplendor, arte e riqueza.

O Rio de Janeiro se modernizava. Melindrosas e almofadinhas desfilavam em seus automóveis. Fiat lux!, e os bondes despejavam foliões fantasiados, oriundos dos mais distantes pontos da cidade. As marchinhas embalavam o povo nas ruas. Lança-perfumes em cada esquina, Arlequins disparavam confetes e serpentina. Pierrots conquistavam Colombinas, amores de Carnaval! Nos salões do Baile de Gala do Theatro Municipal, a elite desfilava fantasias luxuosas. Os morros desciam para brincar nos cordões e nos blocos.

Foi então que começaram a se ouvir cuícas, pandeiros e tamborins no nosso carnaval! Deixa Falar quem quiser, porque a Pequena África fervilhava ao som do samba! Que saudade de nossos desfiles na Praça Onze, Dindinha! Eu, você e tantas outras agremiações tradicionais ajudamos a transformar o desfile das Escolas de Samba no maior espetáculo da terra!

Hoje está tudo mudado Porém, como você nos ensinou naquele carnaval de 1995, a pureza dos antigos sambistas pode ter desaparecido, mas ainda é preciso cantar e alegrar o povo carioca nas ruas da cidade!

Parabéns, Portela! É por tudo isso que hoje, a Caprichosos de Pilares canta novamente: Gosto que me enrosco de você, Dindinha!

Autor da sinopse e Carnavalesco: Leo Jesus

BIBLIOGRAFIA

BEZERRA, Danilo A. A trajetória da internacionalização dos carnavais do Rio de Janeiro: As escolas de samba, os bailes e as pândegas das ruas (1946-1963). Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Universidade Estadual Paulista, Assis, 2016.

CABRAL, Sérgio. As Escolas de Samba do Rio de Janeiro. São Paulo: Lazuli Editora: Companhia Editorial Nacional, 2011.

FARIAS, Edson S. O desfile e a cidade: O carnaval-espetáculo carioca. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1995.

FERNANDES, Nelson da Nóbrega. Escolas de samba:Sujeitos celebrantes e objetos celebrados. Rio de Janeiro: Secretaria das Culturas, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 2001.

FERREIRA, Felipe. O livro de ouro do carnaval brasileiro. Rio de Janeiro, Ediouro: 2004.

___________.Inventando Carnavais: o surgimento do Carnaval carioca no século XIX e outras questões carnavalescas. Rio de Janeiro, Editora UFRJ: 2005.

GUIMARÃES, Helenise Monteiro. Carnavalesco, o profissional que “faz escola” no carnaval carioca.Dissertação (Mestrado em Artes Visuais). Rio de Janeiro, UFRJ, EBA, 1992.

LOPES, N.; SIMAS, L.A. Dicionário da história social do samba. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

MATTA, Roberto da. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. 6ªed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

MORAIS, Eneida de. História do carnaval carioca. Rio de Janeiro: Record, 1987.

MOURA, Roberto M. Carnaval: Da Redentora à Praça do Apocalipse. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1986.