Parceria de Lequinho vence disputa de samba na Mangueira
11 de Outubro, 2022
Depois de três anos sem uma final na Quadra, com a presença das torcidas, O Palácio do Samba ficou lotado para a grande festa da escolha do samba que cantará na Sapucaí em 2023 o enredo “As Áfricas que a Bahia Canta”, desenvolvido pelos carnavalescos Guilherme Estevão e Annik Salmon, que apresentará as construções das visões de África na Bahia a partir de sua musicalidade e instituições carnavalescas negras, destacando o protagonismo feminino nesse processo e as lutas contra intolerância, racismo e pelo fortalecimento da identidade afrobrasileira.
A obra de Lequinho e parceiros contagiou o mangueirense desde o início das disputas e foi ovacionado após o anúncio oficial da escola, feito pela presidenta da Estação Primeira já na madrugada deste domingo 09/10. “Estou muito feliz, pois tínhamos o sonho de unir as parcerias e de fazer um samba que agradasse nossos corações, e foi isso que conseguimos realizar, coroada com esta vitória”, destaca Lequinho, 11 vezes campeão na Verde e Rosa.
Presente na gravação do samba da parceria, a cantora baiana Margareth Menezes marcou presença na final. “É um momento muito especial para mim. Meu pai e minha mãe me ensinaram a amar a Mangueira desde criancinha, que é um reinado da nossa música brasileira, sempre exaltando a cultura da Bahia. Só tenho que agradecer a Mangueira”, disse Margareth.
Em seu primeiro ano como comandante da verde e rosa, Guanayra Firmino exaltou a participação de trinta sambas que se inscreveram para a disputa, o que, segundo ela, ressalta a credibilidade no trabalho que vem sendo realizado por sua administração e a força do enredo que a agremiação apresentará no próximo carnaval.
Confira a letra do samba da Mangueira para o carnaval de 2023:
Oyá, oyá, oyá eô!
Ê matamba, dona da minha nação
Filha do amanhecer, carregada no dendê
Sou eu a flecha da evolução
Sou eu mangueira, flecha da evolução
Levo a cor, meu ilú é o tambor
Que tremeu salvador, Bahia
Áfricas que recriei
Resistir é lei, arte é rebeldia
Coroada pelos cucumbis
Do quilombo às embaixadas
Com ganzás e xequerês fundei o meu país
Pelo som dos atabaques canta meu pais
Traz o padê de exu
Pra mamãe oxum toca o ijexá
Rua dos afoxés
Voz dos candomblés, xirê de orixá
Deusa do ilê aiye, do gueto
Meu cabelo black, negão, coroa de preto
Não foi em vão a luta de catendê
Sonho badauê, revolução didá
Candace de olodum, sou debalê de ogum
Filhos de gandhy, paz de oxalá
Quando a alegria invade o pelô
É carnaval, na pele o swing da cor
O meu timbau é força e poder
Por cada mulher de arerê
Liberta o batuque do canjerê
Eparrey oya! Eparrey mainha!
Quando e verde encontra o rosa
Toda preta é rainha
O samba foi morar onde o rio é mais baiano
O samba foi morar onde o rio é mais baiano
Reina a ginga de iaiá na ladeira
No ilê de tia Fé, axé, Mangueira!